
Uma família tradicional pode ser considerada aquela que toma café, almoça e janta reunida na mesa todos os dias; que tem as regras severas ditadas pelo pai, o aconchego infindo proporcionado pela mãe e a obediência exemplar mostrada pelos filhos. É também aquela que só come fora nos domingos e feriados, quando a empregada doméstica não está presente pra dar conta de tudo. E, além disso, é uma família discreta, aparentemente correta e feliz. Mas a minha não é bem assim. Como a maioria das famílias de hoje também não é. Para muitas delas, fazer as refeições fora de casa, então, é um hábito corriqueiro, assim como tomar banho. E as regras não são tão claras, cada um meio que faz a sua. Aconchego de mãe é muito pouco, já que ela trabalha bastante, só chega em casa após as dez. E o pai quase não se vê, ele tem outra família, teve outros filhos, o tempo dele só permite um encontro a cada semana e olhe lá.
Eu não sei o que é realmente fazer parte daquelas famílias tradicionais, partilhando de certos costumes, construindo aqueles belos álbuns habituais. Eu vivo em uma nova geração em que a concepção de família que predomina já é outra, em que as mães são solteiras, os filhos independentes desde cedo e os pais são uma espécie de "coelhos" insaciados - não que o meu seja assim, mas existem muitos que são. Nada é aparentemente correto. Nada é discreto. Mas isso não quer dizer que seja igualmente infeliz. Somos felizes, sim, vivendo dessa maneira diferente do que se chama de "normal". Vivemos dias que, para os "tradicionais", seriam dias correspondentes à datas excepcionais, pois comemos diariamente o que queremos nos self-services, lanchamos o que e quando desejamos no shopping, saímos para onde der vontade com a permissão de somente um dos pais, e ainda ganhamos dois presentes no aniversário e no natal, além de duplos ovos de chocolate na páscoa. Nada mal.
Talvez esse novo estilo de vida nem seja tão ruim assim. Ele parece ser até melhor... Mas eu juro que prefiro as regras claras, a comida de panela, os castigos semanais, um único presente nas datas especiais ou até mesmo assistir àquela velha briga de casal.
3 comentários:
Minha Jornalista (e Cronista) Preferida,
Fazemos mesmo parte de uma intrincada rede de relacionamentos, de encontros e desencontros, de causas e efeitos, que nos são impostos ou sugeridos, até à revelia de nosso arbítrio. Nem sempre podemos definir nossos caminhos, por conta própria. Pois, alguns deles já nos são apresentados, prontos e irreversíveis.
Então, tornamo-nos parte, passageiros, compomos, dependemos, recebemos de outras pessoas, especialmente de nossos pais, as diretrizes para uma vida compartilhada, ajustada, convivida. E compartilhamos, ajustando-nos; convivemos, vivemos bem juntos, ou nem tanto.
Mesmo assim, esse modus vivendi que nos é oferecido, a realidade possível em determinado momento, não se constitui em modelo imutável, eterno.
Sempre nos será permitido buscar novos horizontes.
Somente, a partir do desenvolvimento de uma nova percepção, conseguimos construir alternativas mais aderentes às verdadeiras aspirações, que começam a brotar de nosso espírito transformador.
Neste momento, ao refletir sobre a vida, iniciamos a construção de modelos mais desejados, fazendo a concepção do futuro, a ser conquistado, do nosso jeito.
E vamos à luta, colocando-os à prova, testando, corrigindo, aperfeiçoando, amadurecendo.
Porque, com o nosso amadurecimento, vamos nos tornando, pouco a pouco, mais causa do que efeito, protagonizando, enfim, nosso legítimo destino.
Se as bases reflexivas estão postas, seu amadurecimento, suas convicções, seus desejos, seus moldes, bastará aplicá-los, agora, aos seus conceitos de vida, e transformá-los numa realidade ainda mais feliz!
Beijos, baby!
Ótima crônica viu Mari... tipicamente brasileira mesmo!
Acho que toda família tenta ser normal, mas cada uma tem suas particularidades. Mas o que seria realmente o 'normal'? Acho que a normalidade é um termo muito complexo, pois o que é normal para mim, pode não ser para uma outra pessoa... Então acho que o normal é uma coisa meia que inatingível. Lembro-me até de uma frase que ouvi um dia desses aqui com você assistindo a um filme, que acho que define bem isso: "Todo mundo é diferente, o problema é que a maioria quer ser igual".
Beijo lindona!
Filha...Você não imagina o que "a nossa vida pode fazer conosco" ou "o que nós podemos fazer com a nossa vida"! Há situações na vida que nos "empurram" para lugares e situações que,às vezes,fogem ao nosso controle ou nos obriga a tomar caminhos diferentes,os quais não imaginávamos que iríamos trilhar um dia.Somos humanos e,nesta condição,erramos,acertamos, aprendemos,retrocedemos, amadurecemos...O negócio é seguir a música..."deixa a vida me levar..."! Agradeço a Deus pela vida e pelos filhos maravilhosos que tenho,apesar de ficar devendo a você e a seu irmão a presença paterna diária,causada pela separação,mas que,como tudo na vida,a gente vai aprendendo a administrar com o tempo...O importante é o AMOR manter acesa a chama que jamais se apaga,que é o vínculo eterno de PAIS & FILHOS! Beijo,TE AMO!SEU PAI!
Postar um comentário